Embarcações de 368 metros serão recebidas, por enquanto, em fase experimental.
As autorizações, que começaram em novembro, são resultado da dragagem de pontos críticos do Canal da Galheta, feita pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) entre julho e dezembro de 2012 e que restabeleceu a profundidade de 15 metros desde a entrada do Canal até o porto.
O trabalho de desassoreamento, que parte agora para o Porto de Antonina, não chegou a mexer nos berços – pontos do cais onde os navios param –, mas já traz ganhos operacionais importantes para o porto paranaense. No Corredor de Exportação, a melhoria esperada é de até 30% durante a safra.
Horários - Na prática, a janela maior para o recebimento de navios nos dois berços do TCP vem da criação de dois novos turnos de trabalho – entre as 18 horas da noite e as 6 horas da manhã –, sete dias por semana, e da economia de tempo e custos que as grandes embarcações, em geral, representam na operação portuária. “Navios maiores significam menos custos, para nós e para os clientes, por isso a expectativa em relação ao aumento da nossa produtividade”, explica o diretor-superintendente do terminal privativo, Juarez Moraes e Silva. “Em um navio de 368 metros, são 10 portêineres [guindastes próprios para contêineres] trabalhando ao mesmo tempo nos 10 porões da embarcação”, exemplifica.
China - Essas vantagens ajudaram o TCP a conquistar uma nova linha para Ásia. A começar pela última sexta-feira, um navio dos operadores Evergreen e Cosco deve fazer escala semanal no terminal, vindo da China.
O recebimento de navios maiores também colabora para firmar Paranaguá entre os grandes hubs (portos concentradores de maiores volumes de cargas para distribuição) do Brasil. Com os novos planos do governo federal para a atração de investimentos privados para os terminais existentes (34 portos públicos e 46 privados) e a concessão de novas áreas para o setor produtivo, a expectativa é que três a quatro portos se consolidem para o recebimento dos maiores navios, enquanto o restante ficará com embarcações menores e cargas mais especializadas. Atualmente, o porto paranaense é o terceiro maior em movimentação total no país, atrás de Santos, no litoral paulista, e Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Capacidade chegará a 1,5 mi de contêineres - A ampliação do cais do Terminal de Contêineres de Paranaguá em 315 metros está planejada para ficar pronta no fim deste ano. Com isso, a capacidade de movimentação anual de 1,2 milhão TEUs (unidade de medida equivalente a contêineres de 20 pés) deve passar para 1,5 milhão de TEUs.
Hoje, o terminal é o segundo em volume de contêineres no país. Segundo os últimos dados disponíveis da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o TCP movimentou 560.491 TEUs de janeiro a setembro do ano passado, enquanto o Tecon Santos, no litoral paulista, movimentou 2.339.962 de TEUs. Ou seja, ainda há um bom espaço para ser ocupado no TCP.
A ideia de ampliação do cais do terminal existe desde o início do arrendamento da área, em 1998, mas ganhou novas pretensões no início de 2011, quando o TCP teve 50% de participação adquirida pelo fundo norte-americano Advent.
Com a licença ambiental liberada em abril do ano passado, as obras do novo cais começaram em setembro, junto com um aumento de R$ 80 milhões nos investimentos previstos, para R$ 330 milhões, devido a mudanças no projeto que ampliaram a largura do novo cais de 27,25 metros para 40,75 metros.
Parte do montante foi investida ainda em 2011 na compra de novos equipamentos que aumentaram a capacidade do TCP de 800 mil TEUs/ano para os atuais 1,2 milhão/TEUs. Foram R$ 51 milhões usados na aquisição de dois portêineres (carregadores com guindastes) tipo Post Panamax (para navios com capacidade para 4,8 mil contêineres), seis transtêineres (carregadores volantes) e nove caminhões.
Até o fim de 2013 estão previstos mais R$ 140 milhões nas obras do cais e R$ 110 milhões na aquisição de equipamentos para o novo píer: quatro portêineres tipo Super Post Panamax (para navios com capacidade para 8,6 mil contêineres).
Além do Advent, o TCP tem como acionaistas a Pattac Empreendimentos e Participações S/A, TUC Participações Portuárias S/A, Soifer Participações Societárias Ltda., Group Maritim TCB S.L. e Galigrain S.A.
Dragagem - Ganho no embarque de grãos é limitado pela profundidade do berço.
Segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), o ganho operacional com a dragagem e a liberação da navegação noturna no Corredor de Exportação (Corex) do terminal será de 30% durante a safra e de 15% na entressafra. Enquanto o horário noturno abre mais janelas de atracação para os navios, a limitação da profundidade dos berços do Porto de Paranaguá – hoje entre 8 e 12 metros – faz com que boa parte dos navios de mais de 300 metros de comprimento não possa ser preenchido em sua totalidade. Foi o que mostrou a reportagem de Carlos Guimarães Filho, na edição de terça-feira passada do Caderno Agronegócio da Gazeta do Povo.
A dragagem dos berços deve ser feita apenas em uma próxima etapa de manutenção, já autorizada pelo governador Beto Richa e orçada em R$ 131 milhões, mas que ainda carece de licenciamento ambiental do Ibama para ser licitada.
Até lá, as embarcações maiores continuarão a seguir viagem com parte de seus porões vazia e necessitando de paradas em outros portos, como Santos, para completar a carga. Segundo os operadores de Paranaguá, nos berços do Corex, é possível carregar os navios até eles atingirem cerca de 10,60 metros de calado.
Segundo a Appa, nos primeiros 70 dias de vigência da navegação noturna – de 1.° de novembro de 2012 a 10 de janeiro deste ano –, 54 navios com comprimento entre 210 e 305 metros atracaram no Porto de Paranaguá entre 18 horas da noite e 6 horas da manhã.
Fonte: Gazeta do Povo – PR